#51 Quantos designers são precisos para se encontrar um designer
You’re not a perfectionist. You’re insecure about how your best effort will be received.–Anónimo
Depois de entrevistar 19 dos meus colegas de curso, mais um professor que nos conheceu no primeiro ano, a conclusão que tiro é que demora muito tempo a sentirmo-nos designers.
Era importante para mim que os episódios partilhassem uma ligação sólida, que os tornasse uma verdadeira amostra controlada; só assim é que as comparações seriam mais válidas e as conclusões podiam ser mais ricas e estáveis. Por isso usei 20 pessoas que partilharam a turma: eu e mais 19, que entrámos em 2008 no primeiro ano de design de comunicação na FBAUP, mesmo que nem todos tenham terminado.
Sabia, por mim, que, ao terminar o curso, não estava preparada para o mercado de trabalho, mas achei que seria caso raro (sentimo-nos sempre especiais, não é?). Em vez disso, descobri que todos lidámos com ansiedade, dúvida e insegurança quando foi preciso decidir, e agora, o que é que faço a partir daqui?
No meu episódio chamo a essa fase da vida a “zona de rebentação”. Citando:
Quando tiramos um curso e quando o terminamos, ainda nos estamos a conhecer. Sabemos muito pouco, sobre nós, sobre a nossa profissão e sobre as possibilidades de futuro, mas sentimos que nos é exigido saber muito. Provavelmente, é-nos exigido muito menos do que achamos, mas estamos na rebentação das ondas e é difícil termos perspectiva. As histórias com que temos contacto fazem com que pareça tudo simples e linear, quando, na verdade, esta sensação de estar na zona de rebentação ainda demora algum tempo a passar. Queremos fazer tudo e somos inundados de possíveis escolhas e caminhos, cada vez mais. Sentimos muito mais pressão do que existe, e nesse momento de mar revolto, a indecisão paga-se caro porque nos faz sentir parados, ou às cambalhotas, enquanto os outros estão a conseguir nadar, mais à frente. Se eles nadam, porque não eu?
Quantos designers são precisos para se encontrar um designer? Vários, muitos. Por não ser uma profissão estanque, passamos muito a tempo à procura da palavra que vamos ter antes: designer de quê?
Acredito que aconteça o mesmo noutras profissões, sobretudo criativas, que não têm limites definidos e deixam sempre margem para a “tornarmos nossa”.
Ainda não está definido o futuro deste podcast. O plano era inicial era expandir a mesma amostra: mais 20 pessoas, do mesmo curso de design de comunicação, do mesmo ano de 2008, mas, em conversas, a opções têm abrido. Porque não outro curso, talvez arquitectura? Ou outro ano? A falta de linearidade nos percursos não é específica do design, embora acredite que o design de comunicação é uma área tão multidisciplinar por natureza que se predispõe a que as profissões que temos sejam muito variadas.
Se há ouvintes desse lado, adoraria ler as vossas opiniões.
Até breve,
Sofia
Para seguir
Criar Rendimento Extra com Trabalho Remoto
Já escrevi noutra edição sobre o The Achievers Club, uma comunidade para mudanças e saltos profissionais que sigo com muita atenção e da qual sou parceira. Esta semana, a Margarida lançou o primeiro curso dentro da comunidade: Criar Rendimento Extra com Trabalho Remoto, que pode ser comprado por apenas 8€ (link) ou em bundle assinatura anual + curso (link).
São 8 aulas em vídeo, um workbook e um bónus.
Da internet
Swipewipe
Descobri esta app há uns meses e volta e meia instalo-a para fazer limpeza de fotografias. Sim, da primeira vez que fazes, a quantidade de fotografias pode ser um bocado overwhelming 🤯 mas é fácil tratar de um mês por dia, por exemplo. É só deslizar para um lado para manter e para o outro para apagar. Recomendo muito! Fotografias a mais é um problema que todos temos agora, e o espaço, mesmo que pareça, não é infinito. É gratuita.
Ler/ver/ouvir
How does degrowth apply to our minds? Acho que ouvi falar da teoria do degrowth (decrescimento) pela primeira vez numa aula no primeiro ano de doutoramento. O degrowth defende uma redução dos recursos que usamos, posto de maneira simplista, em vez de suportar a teoria de um crescimento (económico) infinito. Isto vai também contra a tendência para continuar tudo igual mas mais… “verde” e “ecológico”. Neste texto, explora-se como é que o crescimento infinito (e por oposição o decrescimento) influenciam e são influenciados pelas nossas expectativas e a forma como pensamos.
Is it Possible to Work Without Child Care? TLDR; mais ou menos, não de forma sustentada (e sustentável). Felizmente não estamos nos Estados Unidos e há mínimos com os quais concordamos, no entanto, basta pensar que é suposto considerarmos inscrever os filhos numa creche enquanto AINDA estão dentro da barriga para percebermos que há qualquer coisa estranha a acontecer com o sistema que cuidam das nossas crianças. Estar em modo freestyle e ver no que dá é, em si, um privilégio – que nós temos, por exemplo – mas não sem os seus desafios.
Entretanto no luscofia®
Não há posts no instagram, não há episódios do podcast a sair: as últimas semanas têm sido dedicadas ao doutoramento e a fechar trabalho pendente ✌️