Primeiro, algum housekeeping. Recebeste um e-mail meu de resumo mensal dos prazos de contabilidade para julho. Pois é! A newsletter dos prazos mudou-se para o substack, como secção desta newsletter. Mas podes continuar a receber apenas esta newsletter quinzenal – basta editares as tuas preferências neste link.
E agora vamos ao tema desta quinzena.
Há uns tempos conversava com um amigo sobre a tendência para sentirmos que alguma coisa tem de melhorar, de mudar, de crescer, de não conseguirmos estar completamente satisfeitos com a constância, porque a estabilidade nos pode fazer sentir… parados.
Fez-me pensar que, com a repetição, se calhar estamos só a deixar de sentir o movimento. Ficamos impacientes.
Quando chegamos a uma velocidade constante, deixamos de sentir a força que é usada para nos fazer mexer. Estamos num estado de inércia. Continuamos em movimento porque começámos o movimento e mantivemos a velocidade, mas já não sentimos esforço. Se não virmos o mundo a andar pela janela, como no carro, vamos sentir que estamos parados.
A impaciência de sentirmos mudança pode ter um efeito positivo – esforçarmo-nos ainda mais para atingir resultados mais rápido – ou um efeito negativo – desistirmos por não estarmos a ver resultados rápido o suficiente.
É claro que há muitas camadas para despir neste assunto.
Se sabemos que a tecnologia está a formar crianças e adolescentes muito menos pacientes, não é de estranhar que esteja a fazer o mesmo aos adultos, especialmente quando sentem que o trabalho está encurralado nela.
Também sabemos que a exposição constante ao progresso dos outros tem uma forma muito pouco gentil de nos fazer sentir parados.
Também sabemos que o contacto ampliado com histórias e versões de vida em todo o mundo nos deixa uma sensação de bolacha húngara niilista – metade sem sentido, metade a sentir que não vale a pena – seja porque há histórias muito mais fáceis e pessoas muito mais talentosas, seja porque há vidas extremamente difíceis que fazem a nossa parecer fútil.
E também sabemos que a paciência nem sempre é a melhor resposta. Há linhas vermelhas que não podem esperar paciência e compreensão em troca, e todos devemos tê-las.
Mas, se desse lado te sentes parado neste momento, pensa:
Ser consistente ≠ estático. É como subir uma escada vertical 🪜, estás sempre no mesmo lugar, mas a altura é diferente
É mais fácil perceber a distância que andaste se olhares para trás e contares os quilómetros
Uma verdadeira travagem sente-se. Se não tens a certeza de estar parado, é porque ainda não travaste.
Até breve,
Sofia
Para seguir
Carolina Búzio
Lembro-me da Carolina na FBAUP, fomos contemporâneas em anos diferentes, e foi dessas pessoas que nunca deixei de seguir desde a altura da universidade. O grau de experiência dela faz com que pareça tudo tão
simples e ao mesmo tempo impossível de imitar. Não há um traço a mais. Cruzar-me com o trabalho dela nas redes deixa-me sempre feliz e espero que faça o mesmo por ti.



Da internet
Novo site da Freela.School
Acasos da vida. Conheci a Denise Saito quando ela estava em Erasmus no Porto e veio parar à minha turma. Anos depois, no mesmo ano em que comecei a partilhar e a interessar-me por estes temas, ela lançou o Freela.School, uma plataforma de apoio a freelancers no Brasil (e não só). Agora tem um novo site, que vale a pena ver.
Ler/ver/ouvir
Uma citação do Ray Bradbury que é das minhas favoritas e que já veio parar a esta newsletter no passado, mas vale a pena repetir no contexto do tema da introdução: "Action is hope. At the end of each day, when you’ve done your work, you lie there and think, Well, I’ll be damned, I did this today. It doesn’t matter how good it is, or how bad—you did it. At the end of the week you’ll have a certain amount of accumulation. At the end of a year, you look back and say, I’ll be damned, it’s been a good year.”
Pursuits that can’t scale, um artigo. Não é curioso como lemos tantas histórias que são versões de “venci o capitalismo e abri uma florista para ser feliz”?
Gostei de ler este artigo (The new propaganda war) sobre propaganda contemporânea e como é hoje completamente diferente do que aprendemos nos livros de história, como se adaptou. “Slowly, though, these autocracies have come together, not around particular stories, but around a set of ideas, or rather in opposition to a set of ideas. Transparency, for example. And rule of law. And democracy.”
Entretanto, no Luscofia:
Estão a sair uma série de episódios especiais do Fazer Preços e Assim com a Marta Cardoso Gonçalves, advogada, que me veio ajudar a descomplicar as principais dúvidas legais dos trabalhadores independentes. O primeiro episódio (76) é sobre registo de marcas e o segundo (77) é sobre contratos de prestação de serviços.
Conversei com a Susana Lage, produtora cultural e criadora, e com a Raquel Boavista, professora de artes visuais, no A partir daqui. Mais dois percursos para descobrir desde o mesmo ponto de partida.
Começou o Como ser Freelancer, 4ª edição, a formação que tenho feito com a Factory Braga. São 18h, 6 aulas, sobre os temas principais para quem se quer tornar trabalhador independente ou melhorar o seu trabalho. Vai ser a última edição, e é um ciclo que termina. Está na hora de pensar em criar o meu próprio programa, com total controlo :~) não para já! Mas a newsletter será sempre lugar de notícias em primeira mão.
A tua newsletter é tanto uma lufada de ar fresco como uma palmadinha nas costas reconfortante. Obrigada pela humanidade que trazes às nossas caixas de e-mail, e não só :)