#35 Tens as mesmas 24 horas de quem, mesmo?
What we do today depends on our image of the future, rather than the future depending on what we do today.–Ilya Prigogine
Esta semana estive a ouvir o episódio do Deep Dive do Ali Abdaal com o Daniel Priestley, empresário australiano, e há uma parte em que se fala sobre se esta ideia de ter equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional é sequer possível quando temos a ambição de criar um negócio. É um processo de libertação do sistema, e que pode ser doloroso, e que não é, definitivamente, para todos.
Estamos sempre a ouvir variações da mesma história: construí isto, fiz aquilo, agora tenho mais tempo para mim e para a família, para viajar, para aprender línguas e dançar tango. Mas… e até lá? A partir de que sofá, de comando na mão, é que foi construído esse negócio, mesmo?
Sim, sucesso tem muitas definições, mas independentemente disso, não há muitas voltas a dar: é preciso trabalhar—muito.
Às vezes é um alívio ouvir alguém dizer isso.
Que dá trabalho.
Que não é faz só este curso e plim!
Que não é todos temos as mesmas 24 horas.
As mesmas 24 horas. Bem. Tenho uma implicação de estimação com esse argumento.
Se tu contratares alguém para limpar a tua casa e demorares menos 2 horas a fazê-lo, para mim isso é o mesmo que teres 26 horas num dia. São +2 horas que alguém te oferece (ou vende, na verdade)—no fim tens a casa limpa e não fizeste nada.
E se tiveres poder suficiente para contratar um funcionar por 8 horas de trabalho para ti?
Bem, já vamos em 26 + 8 = 34 horas. Uau. Imagina: um dia de 34 horas chega para muito, não é?
Agora pensa num cenário em que tens 50 funcionários.
Ou 2500 pessoas a trabalhar para ti.
O que fazes com as tuas 24 horas originais agora que estão libertas de transportes, limpezas, cozinhar, compras, cuidado dos filhos, trabalho administrativo, planear viagens, procurar presentes, trabalho de design/copy/seja o que for que fazes? Passas a supervisionar. Mas podes ter também um supervisor, e assim o teu trabalho é só tomar decisões, ou nem isso. Podes fazer o que quiseres. Podes dizer que tens 24 horas para viajar.
Paramos por um momento.
Como são as 24 horas deles?
Conseguem libertar-se de ti, criar um negócio e recomeçar o ciclo?
O que acontece às tuas 24 horas se quem trabalha para ti começar a ir embora?
Food for thought, em época de eleições.
Até breve,
Sofia
Para seguir
Frederica Frangapane
As infografias da Frederica Fragapane conseguem convencer-nos a olhar os dados mais trágicos e preocupantes com a atenção que merecem. Assim que a descobri, ficou na minha lista de pessoas com quem um dia adoraria trabalhar num projeto.
Da internet
Steve Jobs Archive
Pessoalmente, não sou dada a ser fã acérrima de ninguém (todas têm demasiadas nuances para isso, como o Evil Genius lembra todas as semanas; e sim, há um episódio sobre o Steve Jobs).
Mas, posto isto, há muita coisa que o Steve Jobs deixou escrita e filmada que inspira. Esta exposição digital mostra isso mesmo. A texto da imagem em baixo, pela consciência do colectivo, foi o que me levou a guardar o link.
Ler/ver/ouvir
Typography that sacred cow, um artigo (posso chamar-lhe assim?) sobre os básicos da tipografia, porque é que é um assunto, e porque é que faz tanta diferença quando afinal foi mesmo obra do primo que sabia mexer no photoshop.
Compilei uma lista das minhas ferramentas favoritas, que utilizo diariamente no meu trabalho, em vários graus. Claro que o Notion ganha a taça—não fosse o site deste link ser ele próprio no Notion—e esta semana estou particularmente motivada porque passei no teste do meu segundo crachá de competências Notion. Yey! 🎆
Já que mencionei o Deep Dive na introdução e o Evil Genius logo a seguir, não quero que sejam dois sem três: Weird Finance é um programa sobre finanças que explora todo o tipo de temas. O episódio mais recente tem um título cliché (How to Build a Million-Dollar Business) mas fala-se sobre culpa financeira, acordos pré-nupciais, negociar salários, propriedade intelectual, astrologia financeira, entre muitos outros temas.